Textos acadêmicos e artigos

Os textos acadêmicos 


Os textos acadêmicos são os textos exigidos para se formar em algum curso universitário, isto é, para a obtenção dos títulos acadêmicos:

A monografia é um texto sobre um assunto específico, normalmente escrito em linguagem impessoal e utilizando diversas fontes de informação. É o formato normalmente empregado pelos trabalhos de conclusão de curso (TCC ou TCP, o trabalho de conclusão de Piepex). O TCP costuma ter de 15 a 20 páginas e o TCC de 20 a 30 páginas.

Um curso de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) é um curso que exige que o estudante possua uma graduação. A especialização (que alguns chamam simplesmente de "pós") é um tipo de curso voltado para quem já está trabalhando e deseja se aprofundar em um tema específico. Em geral, a especialização tem duração de dois anos e ao final deles o aluno deve apresentar uma monografia de 50 a 100 páginas.    

O mestrado é um curso também de dois anos, porém, seu aprofundamento e exigência de dedicação são maiores do que aqueles exigidos pela especialização. Para conseguir o título de mestre, é preciso apresentar uma dissertação. No Ensino Médio, as redações também são chamadas de dissertação. Porém, no caso do mestrado, a palavra dissertação adquire um significado mais específico. 

A dissertação de mestrado é uma monografia que normalmente tem de 80 a 200 páginas e analisa profundamente um tema, seja por meio de uma pesquisa empírica (coletando ou analisando dados ou entrevistas), uma pesquisa teórica (desenvolvendo conceitos) ou  uma pesquisa de revisão de literatura (em que se resume com rigor o que já foi estudado sobre o tema da pesquisa). 

O doutorado é o título acadêmico mais alto e é um curso com duração de quatro anos. Para a obtenção desse título é preciso apresentar uma tese, um texto que normalmente tem de 80 a 300 páginas. Ela também é uma monografia e uma dissertação, porém, há a exigência de que seu conteúdo seja inédito, inovador. Enquanto a dissertação de mestrado precisa apenas ser bem feita, a tese de doutorado precisa apresentar ideias novas.

Algumas pessoas tratam o pós-doutorado como se fosse um título, algo que colocaria quem o fez em um nível acima dos doutores. Porém, isso é um equívoco, o pós-doutorado é apenas um estágio, a rigor, seu nome correto é "estágio de pós-doutorado", um período dedicado a estudar um assunto em uma nova instituição. É uma qualificação, uma atividade importante para se ter em seu currículo, mas não é um título, uma mudança de nível. O doutorado é realmente o título mais alto para os pesquisadores. Por exemplo, é apenas com ele que se pode participar de alguns editais, assumir certo cargos e, nas universidades públicas, ele aumenta substancialmente o salário de quem o possui.



Os artigos e as revistas científicas


Os textos acadêmicos servem para desenvolver os conhecimentos do estudante, mas também para estimular a produção de textos científicos, dos quais o principal é o artigo científico, mas há também os projetos de pesquisa, os relatórios de pesquisa e os livros científicos. 

Os projetos de pesquisa são textos feitos antes que a pesquisa comece, apresentando seu objetivo, importância, os estudos anteriores, os resultados esperados, o cronograma e como ela será feita. Eles normalmente são apresentados como parte do processo seletivo para para ser aceito na iniciação científica, no mestrado ou no doutorado, além de também serem exigidos para conseguir bolsas e recursos para a pesquisa ou simplesmente para solicitar a autorização para realizá-la. Veja mais informações sobre os projetos de pesquisa nesta página.

Os relatórios de pesquisa são textos feitos após a sua conclusão, apresentando seus resultados. Na maior parte das vezes, sua função é prestar contas de como os recursos da pesquisa ou o tempo do pesquisador foram gastos.

Embora os projetos e os relatórios sejam importantes, os artigos científicos são o principal texto científico, pois são o meio não apenas de divulgação, mas de comunicação dos cientistas entre si e com a sociedade como um todo.  Eles são textos de cerca de 10 a 30 páginas publicados em revistas científicas. Essas revistas são basicamente sites que selecionam e publicam mais ou menos 10 desses textos de tempos em tempos (algumas a cada trimestre, outras a cada semestre etc.). 

Este vídeo mostra exemplos de artigos e revistas científicas e fornece outros detalhes.

Aqui estão alguns exemplos de revistas científicas:

Há duas diferenças que tornam os artigos científicos mais confiáveis do que reportagens em revistas comuns: o uso de referências e a revisão por pares duplo cega. Em primeiro lugar, os artigos científicos precisam apresentar as referências para todas as fontes de informação utilizadas. Sempre que o texto apresenta alguma ideia de outro autor, é preciso indicar detalhadamente onde o leitor pode conferir essa informação. Para mais informações sobre esse processo, veja nossa página sobre citações e referências.  

O segundo diferencial dos artigos científicos é a avaliação por pares duplo cega. Para entender esse tipo de avaliação, é importante pensar sobre a distinção entre autor e editor. No caso de sua página no Instagram, você é autor e também o editor. Você escreve e avalia se o que foi escrito é adequado. Isso acontece também com os blogs e sites pessoais. Não há nenhum filtro além do próprio autor.

Nos jornais e revistas, há filtros. São os editores. Eles avaliam se o que foi escrito pelo autor da reportagem foi bem escrito, se é pertinente e se está correto. Isso garante mais confiabilidade ao conteúdo.

Porém, as revistas científicas vão além. Elas são consideradas uma fonte de informação mais rigorosa e confiável do que os jornais e as revistas comuns, pois, além de possuir editores, adotam dois outros procedimentos: a revisão por pares e fazem essa revisão de maneira duplamente cega.

A revisão por pares consiste no fato de que, após uma avaliação inicial do artigo pelo editor, quem realmente avalia o texto são especialistas no assunto do artigo (os "pares", no sentido de que estão a par do assunto, de que têm tanto conhecimento do assunto quanto o autor). Esses avaliadores são chamados de pareceristas, pois vão elaborar um parecer sobre o artigo. Por exemplo, se você escreve um artigo sobre a análise de custos de produção na cafeicultura, o editor pedirá a dois especialistas nesse assunto para lerem com atenção seu texto e indicar se ele está correto ou como ele pode ser melhorado.

Além disso, essa avaliação pelos dois especialistas é feita de maneira duplamente cega: eles não sabem quem é o autor do artigo e o autor não sabe quem são eles. Apenas o editor conhece tanto o autor quanto os avaliadores. 

Isso é feito para que a avaliação seja imparcial. Isto é, para evitar que o avaliador diga que o texto é bom quando ele não é ou que diga que o trabalho é ruim quando, na verdade, é bom. A primeira situação poderia acontecer se o avaliador for amigo do autor, ao passo que a segunda situação poderia ocorrer se o avaliador quisesse prejudicar o autor por algum motivo (concorrência, inveja,  vingança ou outras desavenças pessoais). 

O intuito de não identificar autores e avaliadores é fazer com que a avaliação do artigo seja imparcial, isto é, que seja restrita ao conteúdo do texto, sem influências de relações pessoais entre os envolvidos no processo.            

Portanto, o uso de referências e a avaliação por pares duplo cega tornam os artigos científicos uma fonte de informação em geral mais confiável do que sites e revistas comuns. Contudo, isso não impede que haja artigos científicos ruins nem que haja reportagens ou relatórios que sejam mais rigorosos do que muitos artigos científicos, pois há revistas científicas que não são muito rigorosas enquanto há publicações não científicas muito rigorosas (alguns institutos de pesquisa, ONGs  ou órgãos governamentais. Por exemplo, o IBGE e o Banco Central). 

 

Os artigos apresentados em eventos


Além de serem publicados em revistas científicas, os artigos resultantes de uma pesquisa podem também ser apresentados em eventos científicos (congressos, simpósios, workshops, seminários, encontros etc.). É mais comum apresentar um artigo em um evento do que publicar o artigo em uma revista, pois é mais fácil ser aceito em um evento do que em uma revista. Há alguns eventos muito rigorosos, que inclusive utilizam a revisão por pares duplo cega. No entanto, muitos eventos científicos fazem apenas uma avaliação superficial de um resumo do trabalho que será apresentado. 

Isso é muito bom para os pesquisadores, no sentido de que fornece uma oportunidade de apresentar sua pesquisa para outros pesquisadores. Porém, isso faz com que os trabalhos apresentados em eventos sejam, ao menos em geral, menos confiáveis do que os artigos publicados em revistas científicas.

 

Quais as diferenças entre artigos e dissertações?


Uma dúvida comum na nossa disciplina é como identificar se um texto que você encontrou no Google Acadêmico é um artigo, um trabalho apresentado em evento, um TCC, uma dissertação ou uma tese. Veja este vídeo (2 min.). Os principais pontos a observar são:



Os mecanismos de busca de artigos científicos


Há sites de busca especializados em artigos científicos. Os dois que mais nos interessam são o Google Acadêmico (Google Scholar) e o Scielo. O Google Acadêmico é mais abrangente, incluindo textos de várias línguas, porém, é menos rigoroso. Além de artigos, ele inclui dissertações, relatórios e trabalhos apresentados em congressos. O Scielo é mais do que um site de busca, é uma plataforma onde as revistas são publicadas depois de passar por uma avaliação rigorosa. Por isso, ele é mais restrito (na verdade, o Scielo está incluído no Google Acadêmico).

Veja este vídeo com as principais dicas de como usar o Google Acadêmico (6 min.): 

E aqui está um vídeo sobre como usar o Scielo.

Outra maneira de descobrir artigos, é consultar o currículo de algum autor que te interessou. Para isso, use o currículo Lattes. Marque a opção "demais pesquisadores", caso contrário ele pesquisará apenas entre quem tem doutorado.


O uso de inteligência artificial na elaboração do seu texto 


Essa disciplina tem um objetivo muito claro: desenvolver sua habilidade de organizar seu raciocínio e se expressar tanto de maneira escrita quanto oralmente. Por isso, as regras sobre o uso de IAs são as seguintes:


1- Pergunte à IA apenas o que você perguntaria a seu professor.

2- Use a IA para aumentar suas habilidades, não para diminuí-las. Pense antes de perguntar, tente sozinho primeiro.

3- Transparência: sempre indique quais IAs você usou e o que pediu a elas.

4- Não plagiar: não copie ideias ou palavras, sem indicar as fontes, dando a entender que são suas.

5- Evite fazer citações da IA, nem diretas nem indiretas, pois elas não podem ser conferidas. Prefira fazer citações das fontes indicadas pela IA (no caso da Perplexity e do Bing) ou buscar fontes para as ideias do chatGPT (pois ele inventa fontes que não existem).


Pode:

Fazer perguntas que você faria para o professor: sugestão de temas, definições, relações, sinônimos etc. Como melhorar uma frase, não um parágrafo.


Pode, mas talvez não seja bom:

Ideias de título.

Melhorar muitas frases que você escreveu.


Não pode:

Pedir para ela escrever frases e parágrafos.

Copiar ideias ou palavras. 


Veja esta apresentação de slides.